quinta-feira, 19 de abril de 2012

Outra historinha - Parte 3

Era meu tio. Pronunciei o seu nome:
- Daisuke...
- Sayuri, Ichiru (era apelido, mais fácil de pronunciar.)... Eu sinto muito...
   Ele nos abraçou, sem dizer mais nenhuma palavra.
Daisuke era irmão de meu pai. E meu irmão foi morar com ele em outra cidade, pois lá tinha um curso de uma faculdade que ele queria fazer. Esse meu tio sempre foi nos visitar e eu gostava muito dele, e ele de nós dois.  Ficamos ali no hospital por um bom tempo. No outro dia... O dia em que nuca me esquecerei... O dia de mais choros e lágrimas que jamais tive... O dia do enterro. Estava chovendo...
  Muitas pessoas estavam lá, vizinhos, amigos de trabalho alguns amigos que eram meus e do meu irmão de quando ele morava aqui, meu tio e uma pessoa desconhecida.
- Sinto muito Yamashita-san, nem tivemos tempo de conversar, eu sou o caminhoneiro, sinto muito mesmo...
- Obrigada por levar meus pais até o hospital.
- Sinto muito.
   Ele saiu e foi embora. Todos foram embora. Meu irmão disse:
- Daisuke... Vamos para minha casa.
  Ele concordou e entramos no carro.
Parecia que havia aberto um abismo profundo e escuro a baixo de  mim.
Eu estva chorando muito. Meu irmão estava sentado atrás comigo. Eu me afogava em lágrimas. Ichiru segurou minha mão com força. Ela estava gelada. 
   Chegamos a minha casa. Eu peguei a chave abri a porta e sentei no sofá, Ichiru e Daisuke fizeram o mesmo.
- Nee-chan, você vai morar com nós. 
- Eu vou me mudar pra casa do tio?
- Sim.
- Mas Ichiru, e a casa? O colégio?  Meus amigos?
- Nós vamos levar as suas coisas mais importantes e algumas minhas que ainda ficaram aqui, você vai estudar lá e seus amigos você vai ter que deixar.
- Acho que morar aqui não irá me fazer bem. Eu vou fazer as minhas malas. Ichiru pegue as coisas que você quer levar que depois eu boto em uma mala. 
- Pode deixar. 
- Já volto.
- Sayuri...
- Sim Ichiru...
- Eu te amo. 
   Ichiru me abraçou fortemente. 
- Eu também te amo Ichiru.
   Ele me soltou e eu sai. Peguei as malas e fui botando todas as minhas roupas, objetos pessoais, produtos de higiene, sapatos, entre outras coisas. Tirei meu uniforme e o botei na mala também junto com muitas lágrimas .
 Coloquei uma saia, uma blusinha branca, uma jaquetinha vermelha por cima, uma bota até um pouco acima do calcanhar, fiz uma trança no cabelo e joguei a franja para frente. Peguei um álbum de fotos e botei na mala também. Sai do meu quarto com as malas e Daisuke estava sentado no sofá vendo TV. Eu já tinha parado de chorar, mas ainda estava triste. Fui para o quarto do meu irmão e ele estava  dobrando algumas roupas que sobraram no armário. 
- Você cresceu bastante Sayuri. Está muito bonita. 
- Obrigada Ichiru.  (Senti meu rosto vermelho.) é só isso para botar na mala?
- Sim.
- Acho que cabe em uma de minhas malas. 
- Mana, vem cá.
Ele abriu os braços e fui correndo para o aconchego seu abraço. Caimos de joelho no chão e choramos novamente. Mas dessa vez um secou a lágrima do outro, e embora sentíssemos um grande vazio dentro do peito, nos sentíamos fortes juntos, como se pudéssemos superar qualquer coisa! 
   Saímos do quarto juntos e fomos para sala. Botei as coisas de meu irmão em uma de minhas malas.
- Você cresceu Sayuri-chan. Nem parece a mesma sobrinha que tinha dez anos.
Vejo um pequeno sorriso no canto de seus lábios. Era tão bom ver meu tio novamente... porém, minha família nunca mais estará completa.

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